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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Ocorrência Sinistra

          O telefone tocou em uma delegacia de policia. A ligação era de uma mulher desesperada.
          - Socorro! Ele vai me matar... Ele vai me matar! – gritava ao telefone.
          A atendente perguntou por diversas vezes o que estava acontecendo e qual era o endereço da residência. Mas a desesperada mulher não informou nada, apenas continuou pedindo ajuda, e só descobriram o endereço através do rastreamento do número do telefone.
          Alguns minutos depois, uma viatura com dois policiais chegou à residência. Em frente, havia um aglomerado de pessoas, vizinhos que também tentavam entender o que se passava ali. Todos ouviram os gritos desesperados da mulher. Segundo as informações de um vizinho, naquela casa morava um casal de pessoas de meia idade, pessoas que até aquele momento se mostravam tranquilas e bem reservadas.
          Os policiais se aproximaram e por diversas vezes bateram na porta, mas ninguém atendeu, naquele momento, a casa estava silenciosa e também parecia estar às escuras. Os policiais continuaram batendo na porta e chamando pela mulher, e como continuaram sem receber uma resposta e temendo que algo de ruim pudesse ter acontecido, arrombaram a porta.
          A casa realmente estava às escuras, não se sabe como, mas de alguma forma a energia elétrica no local foi cortada. Um dos policiais correu até a viatura, pegou duas lanternas e só assim puderam adentrar o local.
         A casa estava toda revirada. Conforme caminhavam pelos cômodos, os policiais notavam os moveis virados ou fora de lugar, objetos, quadros, pratos, talheres, tudo jogado ao chão, parecia que uma briga violenta havia acontecido ali. Chamando pela mulher, os policiais adentraram os quartos, passaram pela cozinha, banheiro, mas nada. Depois de procurar mais um pouco, encontraram a mulher na área de serviço, entre a lavadora de roupas e um pequeno armário. Toda encolhida, chorando muito, com marcas de arranhões nos braços e no rosto, a mulher estava em estado de choque, mal conseguia falar, e por isso não respondeu a nenhuma pergunta feita pelos policiais, apenas apontou para os fundos do quintal.
         Enquanto um dos policiais levava a mulher para fora da residência e chamava uma ambulância para atendê-la, o outro ia em direção aos fundos do quintal. Com a lanterna em uma mão e na outra a pistola empunhada, o policial perguntava em voz alta se tinha alguém por ali.
        - Senhor? Senhor? – falava se referindo ao marido da mulher.
        O policial não teve resposta, mas ele começou a ouvir um gemido, parecia alguém sentindo muita dor. O gemido vinha da parte mais escura do quintal. Foi nesse momento que ele iluminou um determinando canto e notou que havia alguém agachado atrás de um arbusto.
        - Ei você! Saia bem devagar e com as mãos para cima! – gritou o policial.
        Havia um homem atrás do arbusto, na certa, o marido da desesperada mulher. Esse homem se levantou e começou a caminhar apressadamente em direção ao policial.
        - Pare aí mesmo senhor! – advertiu o policial.
         Mas o homem continuou indo para cima do policial, que ao vê-lo se aproximar não teve alternativa senão atirar contra ele. A bala acertou o ombro esquerdo do homem, mas pareceu não fazer efeito. Andando de costas, o policial foi se afastando e dando mais alguns tiros, mas novamente não provocou dano algum. O homem caminhava muito rápido e logo alcançou o policial e o agarrou, desequilibrados, os dois foram ao chão. O estranho homem caiu por cima do policial, que tentava a todo custo se livrar, mas não conseguia. O que até ali era um grande susto, se tornou pavor na hora em que o policial notou que o rosto do homem estava desfigurado, com os ossos da face e a arcada dentária sobressaindo. Não só o rosto, o corpo todo do homem estava em estado de decomposição. O policial continuava a sua luta para se livrar do homem, e nesse tempo, escutava ele balbuciar algo, mas não compreendia o que ele estava dizendo, pois muito sague jorrava de sua boca. Acostumado com situações tensas e perigosas, o policial parecia não estrar preparado para aquele acontecimento, estava tão apavorado com a cena perturbadora que desmaiou.
         O outro policial ao ouvir os tiros correu para ver o que estava acontecendo e encontrou seu companheiro desmaiado no meio do quintal. Logo, ele chamou reforço. Mais policiais chegaram e fizeram a busca pelo homem que havia agredido um deles, mas tudo foi em vão.
         Só quando a mulher se acalmou que todos ficaram sabendo o que de fato realmente aconteceu. Ela confessou que assassinou seu marido e enterrou o corpo no fundo do quintal. Ela desconfiava que o marido estivesse cometendo adultério, mas nunca conseguiu comprovar. A mulher acreditava que seu marido voltou do mundo dos mortos para se vingar.
         De fato encontraram o corpo do homem no fundo do quintal. Ele estava enterrado lá há mais de duas semanas. A mulher foi presa por assassinato e o policial teve que conviver com a lembrança terrível de um ser sinistro e vingativo. O policial contou para muitos o que aconteceu naquela noite, mas sua história levantava dúvidas, afinal só ele sabia o que enfrentou naquela ocorrência sinistra.

Autor : Felipe AG

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